Gilberto Kassab, o todo-poderoso presidente do PSD, reúne, de quinta a sábado, no Rio de Janeiro, os mais de 40 deputados federais eleitos pela sigla.
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Os catarinenses marcarão presença: Ismael dos Santos e Darci de Matos, suplente que ocupa a vaga de Ricardo Guidi, hoje secretário do Meio Ambiente e da Economia Verde do governo Jorginho Mello. Em pauta, a avaliação da perspectiva do PSD, entre outros assuntos.
Ricardo Guidi aproveitará essa estadia e essa convivência com Kassab para discutir seu futuro político. Afinal, ele aceitou o convite de Jorginho Mello para integrar o colegiado, percebendo, apenas no ano passado, a disputa interna a que foi submetido pelos dirigentes estaduais do PSD. Isso desde a filiação do prefeito Clésio Salvaro, que trocou o PSDB pelo PSD, sinalizando claramente a vinda do secretário Arleu da Silveira, escolhido por Clésio para concorrer à sua sucessão, o que, aliás, ocorreu nesta quarta-feira em um grande evento do PSD em Criciúma.
Este evento microrregional contou, além do próprio Arleu, com vereadores e lideranças, todas trazidas pelas mãos de Cléo Salvaro, um prefeito eficiente, competente e bem-sucedido, que cumpre seu quarto mandato e é um excelente cabo eleitoral para Arleu.
Governador
Contudo, Jorginho Mello já deixou claro que deseja ter um candidato em Criciúma, o que, evidentemente depende do comportamento de Ricardo Guidi, que nesta segunda-feira até se reuniu com dois deputados do PL, Daniel Freitas (federal) e Jessé Lopes (estadual), enquanto a outra federal, Júlia Zanatta, estava em viagem.
PL com Guidi
Os dois deixaram claro que estarão com Ricardo Guidi, seja ele candidato pelo PSD ou pelo PL. A questão partidária ficou em segundo plano para Jorginho. Até porque, uma vez eleito, Ricardo Guidi deverá se filiar ao PL, o que também faz com que o PSD não aceite sua candidatura e apoie firmemente Arleu da Silveira.
Histórico
Esse cenário ocorre agora porque, anteriormente, o PSD prejudicou Ricardo Guidi. Portanto, ele conversará com Kassab para buscar a garantia do presidente nacional de que aquele que se sair melhor nas pesquisas será o candidato.
Liderança
Em todas as pesquisas, o secretário do Meio Ambiente está à frente de Arleu. Guidi, aliás, é deputado federal reeleito e preside a sigla no município. No entanto, o diretório estadual está agindo fortemente contra seu correligionário.
Respostas
Ele quer saber de Kassab como o partido, no âmbito nacional, se posicionará. Imaginar que Kassab adotará uma postura contrária aos seus líderes em Santa Catarina é pouco provável. Mas, talvez, com Jorginho Mello acionando Tarcísio de Freitas, de quem é muito amigo e colega na função de governador, pode haver uma chance.
Ligações
Kassab é secretário de governo em São Paulo. É ele quem faz a articulação junto à Assembleia Paulista. Talvez ele libere Guidi para trocar de partido sem reivindicar o mandato posteriormente, via Justiça Eleitoral, algo que os catarinenses duvidam que aconteça.
Canais
Ricardo Guidi tentará de todas as formas se viabilizar como candidato dentro do PSD e, se não der, em último caso, irá para o PL concorrer à prefeitura.
Polarização
O PSD não deseja que ele seja candidato pelo PL. Existe o temor que a eleição se torne muito polarizada e, talvez, arriscada, pois Guidi não receberia apenas o apoio de Jorginho Mello, mas também de Jair Bolsonaro, que é muito forte em Criciúma.
Corrente
O grupo que pilota a cidade tem uma grande identificação com Bolsonaro, mas estão no PSD, que é governo Lula, com três ministérios. Em Santa Catarina, o PSD faz oposição a Jorginho Mello, especialmente nos bastidores, com uma atuação ardilosa de algumas de suas lideranças.
Enfoque
A eleição de Criciúma tem tudo para ganhar dimensão estadual. Tudo vai passar, naturalmente, pelo comportamento de Gilberto Kassab. Se ele não liberar Ricardo Guidi, há quem aposte que mesmo assim, o deputado mudaria de partido para concorrer à prefeitura, já ocupada em duas oportunidades pelo seu pai, Altair.
Em recente conversa com o governador Jorginho Mello, o ex-presidente Jair Bolsonaro deixou muito claro que pretende marcar presença nas eleições municipais desse ano em Santa Catarina.
Diferentemente do que ocorreu em 2020, quando ele estava no exercício da Presidência e ficou distante dos palanques eleitorais.
Agora com tempo, Bolsonaro deseja retribuir as expressivas votações conquistadas aqui nos pleitos de 2018 e de 2022. Há seis anos, o líder conservador fez 76% dos votos contra o poste Fernando Haddad.
Em 2022, marcou 70% dos sufrágios na disputa com Lula da Silva.
É bom que isso ocorra sob o aspecto eleitoral. Em seu governo, Bolsonaro ficou devendo e muito em obras, ações e transferências de recursos ao estado.
Nessa recente rodada com Jorginho, o ex-presidente sinalizou que o governador pode escolher 10 cidades onde ele marcará presença, envolvendo-se diretamente nas eleições.
O governador deve estar raciocinando na direção das principais cidades catarinenses: Joinville, Florianópolis, Blumenau, São José, Chapecó, Criciúma, Tubarão, Lages, Jaraguá do Sul, Balneário Camboriú, Itajaí e Brusque.
Volúvel
Uma lista sujeita a alterações, evidentemente, mas que não deve fugir muito desses centros.
O objetivo do governador é eleger seis prefeitos entre os 12 maiores colégios eleitorais de Santa Catarina. Na pior das hipóteses, quatro nomes do PL, o que representaria um terço desses municípios.
Assembleia
Paralelamente à questão das eleições municipais, Jorginho Mello já começa a se envolver numa outra disputa, essa bem mais restrita: o comando da Assembleia Legislativa.
Barbeiragens
Em 2023, no dia 1 de fevereiro, foi eleito o emedebista Mauro de Nadal. Ocorreu que, pelas articulações desastradas de alguns deputados como Ivan Naatz, Maurício Eskudlark e outros, por muito pouco o PL não ficou de fora da Mesa Diretora.
Gesto
Eskudlark só emplacou a vice-presidência porque outros partidos que já estavam fechados com Mauro de Nadal abriram mão do espaço. Sem esse gesto, o PL teria ficado de fora. Os liberais haviam fechado com Zé Milton, do PP, partido que tem uma bancada de três deputados. Contra o MDB que tem seis nomes na Alesc.
Digitais
Jorginho Mello não quer ser surpreendido novamente. Ao que tudo indica, ele, com o apoio do filho, Filipe Mello, que gosta de fazer política, vai pilotar o processo. Até para não ser atropelado.
Período estratégico
O presidente a ser eleito em 2025 ficará no cargo até fevereiro de 2027, ou seja, vai comandar o Parlamento estadual nos dois anos que antecederão o pleito de 2026, quando o atual governador será candidato à reeleição.
Cálculos
O objetivo é tentar pelo menos metade da bancada do MDB, ou seja, três deputados. Mais os 12 do PL (esse é o número de deputados estaduais do partido com a chegada de Egídio Ferrari); e os três do PP. Já seriam 18 deputados. Somando-se mais dois do Podemos (Camilo Martins e Lucas Neves). A sigla ainda tem como filiada a deputada Paulinha da Silva, mas ela já está com um pé e meio no PSD, onde seu marido, o prefeito de Bombinhas, já buscou abrigo.
Atração
Estamos falando de 20 deputados. Há outros partidos com apenas um representante na Alesc e que poderiam ser atraídos pela força da máquina estadual.
Mas é preciso ação, articulação e dedicação a essa questão para que o governador não venha a sofrer um revés na escolha do novo presidente da Assembleia Legislativa. Revés que poderia lhe custar caro ali adiante.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.