Nesse último ano, Santa Catarina tem se destacado na figura de três personalidades que vêm ocupando espaços nacionalmente.
O primeiro deles, sem dúvidas, é Esperidião Amin, o mais completo e talentoso, além de preparado, senador da República.
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Não apenas nos episódios relacionados ao STF, ao 8 de janeiro, às exorbitâncias do Judiciário, especialmente na figura de Alexandre de Moraes, mas também nos temas institucionais e de ordem prática da vida real no âmbito do Senado.
O segundo nome é Décio Lima, que foi para o segundo turno contra Jorginho Mello. Por sua relação pessoal com Lula da Silva, acabou guindado à presidência do Sebrae nacional, entidade que tem orçamento bilionário.
E o terceiro nome é o de Jorginho Mello. Santa Catarina está entre as sete maiores potências econômicas e políticas do país.
O governador tem ocupado espaços preciosos também por sua aproximação com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
História
E também com a expressiva votação que ambos conquistaram nas urnas em 2022.
D'Artagnan
E agora entra em cena um quarto nome. A deputada federal Carol De Toni, eleita presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais poderosa da Câmara Federal. Abre parêntese. Na obra de Alexandre Dumas, Os Três Mosqueteiros eram, na verdade, quatro. O quarto era D'Artagnan. Fecha parêntese.
Crivo
Absolutamente todos os projetos passam pela CCJ, que avalia a legalidade, ou não, das propostas que tramitam no Legislativo.
Pavor
A eleição da catarinense causou um alvoroço em Brasília. Carol De Toni é muito firme, articulada, competente. É advogada, tem desenvoltura verbal.
Centrão
Arthur Lira, o presidente da Câmara, fez de tudo para evitar que um representante do PL chegasse ao comando da CCJ. Ele agora atua em sintonia com a Organização.
Nada disso
Mas esse era o acordo. O PL tem a maior bancada da Casa. Entregou, inclusive, os primeiros dois anos ao petista Rui Falcão, ex-presidente nacional do PT.
Ascendente
Agora, não tinha como não entregar aos liberais. De Toni foi escolhida. Considerando-se que ela está no segundo mandato e tem a companhia de outros 98 deputados/as do PL, sua indicação e esmagadora votação para a proa da CCJ significam um reconhecimento à atuação dela no Parlamento.
Musculatura
É evidente que o fato dela ter sido recordista de votos em Santa Catarina na proporcional em 2022 influenciou na sua escolha, bem como o fato dela ter livre acesso na direção nacional do partido. Ou seja, Carol De Toni reúne um tripé de fatores que a colocam na ribalta nacional.
Quarteto
Ainda mais num ano eleitoral. Santa Catarina terá nesse quarteto uma exposição maior. Talvez, quem sabe, pode ser, essa realidade possa contribuir para que o estado seja mais bem contemplado nas suas reivindicações federais.
Ralo
E não estarão fazendo nenhum favor aos catarinenses, não. Por tudo que Santa Catarina transfere recolhendo impostos e que recebe, de volta, apenas algo em torno de 10%.
Bom de discurso
Ocorre que Décio Lima, apesar do posto destacado que ocupa, não vem conseguindo traduzir sua influência junto ao Palácio do Planalto em recursos para Santa Catarina. Os outros três nomes estão na trincheira oposicionista. Jorginho Mello e Carol De Toni pelo PL e Amin pelo PP.
O eleitorado catarinense é essencial e potencialmente conservador. Disso não resta a menor dúvida. Basta observarmos o histórico eleitoral desde 1982, quando foram restabelecidas as eleições diretas para governadores.
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Santa Catarina jamais elegeu um governador de esquerda. O que chegou mais perto foi Jaison Tupy Barreto, que perdeu para Esperidião Amin por apenas 12,5 mil votos, algo em torno de 0,5% dos votos. O então emedebista passou raspando exatamente no pleito de 82.
Depois, tivemos a onda vermelha com Lula da Silva em 2002, quando José Fritsch por pouco não carimbou o passaporte para o segundo round. Faltaram a ele 3% dos votos. Quem encarou o turno decisivo contra o governador à época, Esperidião Amin, foi Luiz Henrique da Silveira, do MDB. O emedebista surpreendeu e ganhou a eleição.
O terceiro episódio ocorreu agora em 2022, quando Décio Lima, do PT, chegou ao segundo turno. Muito mais pela pulverização das candidaturas de centro e de direita, com cinco nomes contra apenas um da esquerda, o próprio Décio.
Tibieza
Ou seja, o petista chegou lá não por sua expressiva liderança ou pelo apoio do então candidato Lula. No segundo turno do último pleito, todo mundo já sabia qual seria o resultado em SC. A candidatura de direita com Jorginho Mello atropelou o PT e as esquerdas. Foi uma verdadeira lavada.
Não se cria
Esse retrospecto é apenas para deixar caracterizado que em SC não há espaço para candidaturas de esquerda. O estado tem o segundo eleitorado mais politizado do país, ficando atrás apenas dos vizinhos gaúchos.
Olho vivo
Por aqui, o eleitor tem capacidade de discernimento, a maioria não entra em narrativas, promessas mirabolantes, conversa-mole. O catarinense não costuma votar em oportunistas, salvo algumas exceções.
Bolsonarismo
Além disso, Santa Catarina é um estado bolsonarista. Basta olhar o fenômeno Carlos Moisés em 2018. Um ilustre desconhecido que virou governador. Foi eleito de graça para pilotar o estado.
É ou não?
João Rodrigues, prefeito de Chapecó, favorito à reeleição na cidade, é do PSD. O oestino fica posando de bolsonarista, mas seu partido está fechadíssimo com o governo Lula. Ocupa três ministérios na gigantesca esplanada sob Lula III. A bancada do PSD no Senado é a maior. E faz bloco com quem? Com o PT.
Lorota
Então, é difícil querer enrolar os catarinenses com esse papinho quando a realidade é que o PSD é governo Lula, é parceiro de primeira hora do PT.
Militância eletrônica
João Rodrigues não fica 15 dias sem gravar um vídeo solidarizando-se com Jair Bolsonaro ou apoiando alguma bandeira da direita e do ex-presidente. Tenta sinalizar que está afinado com o ex-presidente. Algumas vezes chega ao cúmulo de forçar a barra, querendo parecer mais bolsonarista do que o próprio Bolsonaro! A dúvida é: quem Rodrigues está traindo? Seu partido ou Jair Bolsonaro?
Lado
Não seria melhor o prefeito assinar ficha no PL, partido que causa arrepios na espinha canhota? Não se sabe, aliás, se Rodrigues seria aceito nas hostes do partido. Ocorre que João Rodrigues encontra-se na expectativa de que Jair Bolsonaro venha a apoiá-lo neste pleito municipal.
Impedimento
Se o PL lançar um candidato em Chapecó, contudo, Bolsonaro fica impedido de prestigiar o palanque pessedista. Por mais que seja amigo do chapecoense.
Personalista
Há outro aspecto relevante neste cenário. Ao mirar apenas seu projeto pessoal de reeleição em Chapecó, João Rodrigues perde de vista que, em outros municípios, o PT poderia descarregar, até pela circunstância nacional, votos no PSD.
Alternativas
Os petistas poderiam ajudar candidatos do PSD no segundo turno, ou em composições, ou lançando um número maior de candidaturas para favorecer o nome mais forte.
Porta fechada
Mas Rodrigues só olha para o próprio umbigo, o que já começa a criar um desconforto entre seus próprios correligionários. Até porque, em todos os municípios, o PT tem sua fatia de eleitores. Percentual que, em alguns casos, pode decidir o pleito.
Nariz torcido
Prefeitos, especialmente no Oeste catarinense, andam contrariados. Na região, o PT costumava estar com o MDB. Os vermelhos, no entanto, estavam dispostos a procurar novos parceiros. Mas não os encontrarão nas fileiras pessedistas, considerando-se que Rodrigues e outros líderes declaram que a sigla, em Santa Catarina, é de direita. Outro detalhe: dizem que o PSD local é conservador, mas o partido não participa e nem apoia o governo de direita pilotado por Jorginho Mello.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.