Cresce no ambiente interno das bancadas estadual e federal do PL o desejo de provocar o expurgo de Jorge Goetten dos quadros partidários.
Vale lembrar que ele, tendo tido o número 2222 nas últimas eleições, alcançou 150 mil votos. Um resultado expressivo, favorecido pela numeração.
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Também não se deve desconsiderar a ligação do deputado com Jorginho Mello. Já na campanha eleitoral, Jorge Goetten, que é empresário, mantinha uma longa relação de proximidade com o senador.
O atual governador não deixou a presidência do PL estadual. E, se depender exclusivamente dele, a expulsão, via Conselho de Ética do PL, não ocorrerá.
Primeiro, porque Jorginho não deseja perder um deputado federal. Seis federais foram eleitos em 2022.
Muito provavelmente, o chefe do Executivo estadual entrará nesse circuito para desarmar a ofensiva contra Goetten.
Dissonância
Dos seis federais, vale lembrar, apenas ele não assinou o pedido de impeachment de Lula da Silva. E foi barrado no trio elétrico de Jair Bolsonaro, por ordem do próprio, na Avenida Paulista, no domingo passado.
Fio da navalha
O deputado, que tem votado com o PT na Câmara, precisará reavaliar suas posições. Até porque, nos bastidores, já aumentam os ecos sobre negócios no contexto de sua empresa que estariam prestes a ser contemplados pelo governo federal. Goetten é um homem de negócios.
Tradição
Virou moda em Brasília, aliás, o balcão de negócios na Câmara dos Deputados. Tudo começou em 1998 com a mudança na legislação — via PEC — para permitir a reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
Só alegria
De lá para cá, a festa continua. A única mudança foi no governo Bolsonaro. A criação do orçamento secreto o livrou da convivência com figuras inescrupulosas do Congresso.
Primeira linha
Tanto é assim que o ex-presidente montou um ministério técnico. Como surgiu o mensalão? Pela relação promíscua do governo do PT com deputados que recebiam mesada para votar a favor do Planalto.
Saque
Depois tivemos o petrolão, com a nomeação de apadrinhados de deputados e senadores que saquearam e quase quebraram a Petrobras.
O Brasil voltou
A saga continua. Dos 140 deputados que já assinaram o pedido de impeachment, muitos devem retirar as assinaturas.
Bolada
Na semana passada, Lula, em reunião com Arthur Lira e as lideranças da Casa, acenou com a liberação bilionária de emendas aos deputados.
Além de cargos.
Chantagem
Na outra frente, a ameaça, a chantagem. Os da base que assinaram o documento podem sofrer retaliações e passar a ser tratados a pão e água.
É uma festa democrática. O Brasil voltou. Voltou muito pior do que se poderia imaginar, com absolutamente tudo girando à base do toma lá dá cá no Planalto Central.
Poderio político-partidário-eleitoral. É assim que podemos definir a realidade brasileira, mas vamos focar no contexto catarinense. Jair Bolsonaro é praticamente sinônimo do PL, e o PL, de Bolsonaro. O partido se tornou uma extensão de sua figura, assim como o PT sempre foi impulsionado pela capacidade de mobilização de Lula da Silva.
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No entanto, a realidade das ruas mudou completamente. Atualmente, não é mais a esquerda que mobiliza multidões, e sim a direita, principalmente devido ao desgaste significativo do "nazilulopetismo". Três gestões consecutivas levaram o país à falência, assim como empresas outrora sólidas, como a Petrobrás. O atual presidente foi preso. A agenda e as bandeiras controversas do PT contribuíram significativamente para transformar o partido em uma legenda de gabinete, subterrânea.
História
É importante relembrar. Em 1989, Fernando Collor, o "caçador de marajás" de Alagoas, foi eleito e ficou apenas dois anos no poder. Após sua renúncia para evitar o impeachment, Itamar Franco, de Minas Gerais, assumiu o cargo.
Plano Real
Em 1994, Fernando Henrique Cardoso chegou à presidência, sendo reeleito em 1998. Lula da Silva venceu na quarta tentativa, foi reeleito, elegeu Dilma como sua sucessora, mas ela não completou o segundo mandato, sendo afastada e substituída por Michel Temer.
Onda
A onda Bolsonaro chegou em 2018, em um clima anti-PT. Em 2022, o PT retomou o poder, impulsionado pelo antibolsonarismo.
Incômodo
A manifestação do último domingo deixou claro que Bolsonaro será um influenciador crucial nas próximas eleições. Isso deixou a esquerda, o PT e Lula bastante incomodados, pois não esperavam uma manifestação tão expressiva na Paulista.
Trio
No palanque de Bolsonaro no domingo, dos quatro governadores presentes, três têm aspirações presidenciais: Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ronaldo Caiado. Eles sabem, contudo, que precisam do apoio do ex-presidente. Um quarto nome também estava no palanque, Michelle Bolsonaro.
Incógnitas
E Lula? Sua reeleição dependerá do sistema e do aparelhamento observado em 2022. Mas agora, ele também enfrentará o desgaste de um quinto mandato com viés comunista no país. Ele buscará a reeleição? Conseguirá completar este mandato? Lula conseguirá fazer um sucessor, seja dentro ou fora do PT, ou será a vez de Geraldo Alckmin? São muitas incógnitas.
Margem
A realidade é que Lula está em desvantagem em relação a Bolsonaro. Pesquisas mostram o petista apenas alguns pontos à frente do antecessor, mas isso considera uma suposta candidatura de Bolsonaro.
Na frente
No cenário geral, o conservadorismo vem ganhando terreno. Uma coisa é Bolsonaro buscar o retorno – e sua perspectiva é melhor do que a do atual ocupante do Planalto. Outra coisa, bem diferente, é Bolsonaro apoiar um nome, seja ele Tarcísio, Zema ou Caiado.
PT terá vida dura
O resultado de 2026 passará, necessariamente, por outubro de 2024, especialmente nas 100 maiores cidades do país. Será uma espécie de prévia para as eleições presidenciais, e a preocupação no centro do regime só aumenta.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.