Desde o início da semana que a capital do Oeste acabou transformada na capital catarinense. Literalmente. Na segunda-feira, esteve em Chapecó Jorginho Mello para uma agenda diversificada. Foi na universidade local e também no Hospital Regional, onde não apenas inaugurou uma nova ala pediátrica como também repassou recursos para novos equipamentos e novos investimentos.
A partir de terça-feira, foi a vez da Assembleia Legislativa, via seu programa Alesc Itinerante, que, aliás, já esteve em Criciúma, Blumenau, Joinville, e mais recentemente em Lages, e que encerra o ciclo em Chapecó.
Curiosidade. Tanto o presidente quanto o vice do Legislativo Estadual pertencem à região, notadamente ao extremo oeste catarinense. Estamos falando de Mauro de Nadal e de Maurício Escudlark. Toda essa movimentação em torno do Oeste faz com que busquemos origens políticas relacionadas à região.
Sobrenome
Quem foi o primeiro governador a exercer o mandato representando o Oeste? Casildo Maldaner, lá no finzinho da década de 80. Só que ele foi eleito vice de Pedro Ivo Campos. Com o falecimento do titular, Maldaner concluiu o mandato. Depois disso, o primeiro governador eleito efetivamente, no voto popular, foi Jorginho Melo, que representa o Meio Oeste.
Força política
Região que ganha um protagonismo ainda em 2024, considerando-se a postura assumida pelo prefeito João Rodrigues, do PSD. Antes mesmo de ser reeleito, ele anunciou sua pré-candidatura ao governo do Estado.
Antecipando
Posicionou-se antes mesmo de Jorginho Mello, nome natural à reeleição. Aí o caro leitor pode perguntar: sim, mas considerando as eleições restabelecidas em 1982, foi preciso 40 anos para eleger um governador do Oeste? E em 2026 teremos dois representantes da região se enfrentando? É uma possibilidade real, sem dúvida nenhuma.
22 na urna
Jorginho Mello é do PL, é correligionário de Jair Bolsonaro, com quem João Rodrigues também tricota bem. Mas quem tem o 22 é Jorginho. Além disso, ele tem a máquina do Estado e elegeu 90 prefeitos pelo PL agora em outubro. Lá em 2026, o PL estará com mais de 100 prefeitos. Seguramente. Podem anotar.
Fazendo contas
E ainda com o concurso do MDB, do PP e de outros pequenos partidos, o arco de alianças do governador pode levar a 240 dos 295 prefeitos catarinenses. João Rodrigues vai enfrentar essa parada?
Derrapada
Até porque vale lembrar que ele, João Rodrigues, e seus correligionários do PSD apoiaram Gean Loureiro, que renunciou à Prefeitura de Florianópolis após ter sido reeleito com 53% dos votos, mas ficou em quarto lugar na disputa estadual. Resultado? Está sem mandato e fora de cena.
Avaliando
João Rodrigues vai correr o mesmo risco? Ou estaria raciocinando em disputar o Senado na chapa encabeçada por Jorginho Mello? O colunista não descartaria essa possibilidade. Só que obstáculos se apresentarão.
Nome natural
Carol De Toni, recordista de votos nas eleições proporcionais de 2022, é um nome natural ao Senado como segunda representante liberal na chapa majoritária. Sim, mas daí nós teremos três entre os quatro candidatos majoritários da mesma região. Jorginho Mello, Carol De Toni e João Rodrigues.
História
Há quem possa lembrar que em 2010 tivemos dois do Norte, Luiz Henrique da Silveira e Paulo Bauer ao Senado. Sim, mas para o governo tinha Raimundo Colombo, com base na Serra, e Eduardo Moreira no Sul. Agora três do Oeste e de repente um do Norte? Sim, porque Antídio Lunelli está cotado para vice de Jorginho. É evidente que estamos muito distantes das eleições de 2026. Mas as conjecturas e as especulações já ganham corpo nos bastidores.
Ainda a reunião dos governadores do Sul e do Sudeste ocorrida no final de semana em Santa Catarina, na Capital. Começou na quinta, estendendo-se até sábado, quando foi assinada a carta de Florianópolis, com a posição assumida por todos os governadores em relação a vários temas, temas relacionados à gestão, à administração dos sete estados. Mas as conversas políticas no contexto partidário não foram ignoradas e, muito pelo contrário, registradas.
Ficou patenteado entre os governadores que já cumprem o segundo mandato, como Romeu Zema, de Minas Gerais; Ratinho Júnior do Paraná; e também Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, que a tendência é de uma participação eleitoral efetiva em 2026.
Ratinho chegou a ter seu nome especulado à Presidência da República, como postulante pelo PSD, mas o próprio Ratinho sabe que Gilberto Kassab joga com a probabilidade de apoiar a candidatura do União Brasil na figura do governador também reeleito de Goiás, Ronaldo Caiado.
Câmara Alta
Então ele, Ratinho, vai ao Senado, que é também a tendência de Cláudio Castro. Isso se ele não tiver seu mandato cassado como governador do Rio e eventualmente ficar inelegível, com os direitos suspensos por oito anos.
Mineiro
Quanto a Romeu Zema, esse vem se escalando para ser uma opção para vice. Inicialmente na direção de Tarcísio de Freitas, mas o governador já decidiu: vai à reeleição em São Paulo e com o apoio de Jair Bolsonaro. Sem o quê, Pablo Marçal tem tudo pra virar governador do maior estado da Federação.
Guarda-chuvas
E assim tiraria o controle da direita e dos votos conservadores do ex-presidente da República. Então hoje, Tarcísio não tem um segundo caminho. Logo, Zema seria uma opção para, justamente, compor de vice de Caiado.
Reeleição
Jorginho Mello, naturalmente, é candidato à reeleição. Então foram muitas as conversas políticas, partidárias, eleitorais, durante o evento. Jorginho Mello controla o Republicanos em Santa Catarina, que é também o partido de Tarcísio de Freitas.
Acéfalo
Sim, mas daí como vai ser a vida do PL com vistas a 2026? É muito improvável que Bolsonaro recupere a sua condição de elegível. Não sendo Bolsonaro, quem que o PL teria? O Novo tem Romeu Zema, que poderia ser vice de Caiado, do União Brasil. E o Republicanos não teria candidato, pois Tarcísio vai à reeleição em São Paulo.
Padrinho
E no PL, quem mereceria o apadrinhamento de Jair Bolsonaro? A mulher Michelle? Não. É pré-candidata ao Senado pelo no Distrito Federal e com boas chances de êxito. Assim como Flávio Bolsonaro, candidato à reeleição no Rio. Também ao Senado.
Paulista
Eduardo Bolsonaro em São Paulo também candidato ao Senado. E como fica o PL? Qual é o nome? O PL poderia, diferentemente do que ocorreu nas eleições municipais desse ano, apoiar um nome viável da direita. Na campanha de 2024, Bolsonaro tentou derrotar e enfrentar uma série de governadores que apoiavam seus candidatos, inclusive nas capitais, como aconteceu com Ratinho Júnior no Paraná e Ronaldo Caiado em Goiás, cujas capitais são, respectivamente, Curitiba e Goiânia. Detalhe: Bolsonaro perdeu para Caiado e Ratinho.
Será?
Praticaria o gesto Bolsonaro de apoiar, de repente, a dobradinha Caiado e Zema? União e Novo? E o PL ficaria fora da chapa, assim como o PSD já projeta ficar fora da chapa. Muito embora Kassab imagine ser o vice de Tarcísio de Freitas em São Paulo para, lá na frente, assumir o governo. Isso em 2030, quando o Tarcísio concorreria à Presidência e ele, Kassab, iria à reeleição.
Nuvens escuras
Aí já tem uma situação futura envolvendo o PSD e o PL, que acabaria esvaziado nesse contexto. De modo que isso tudo pode influenciar nas eleições estaduais, inclusive em Santa Catarina, onde Jorginho Melo, além de governador, é o presidente estadual do PL.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.