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Tensão liberal

Por Cláudio Prisco Paraíso
13/04/2024 - 10h15.Atualizada em 13/04/2024 - 10h15

Jorginho Mello está esticando a corda. Não apenas contra adversários, mas no ambiente interno do PL catarinense.

A bancada estadual do partido se reuniu na terça-feira e decidiu por respaldar integralmente a candidatura do deputado Carlos Humberto em Balneário Camboriú. Cidade onde o prefeito, filiado à legenda na reta final da campanha de 2022, faz de tudo para minar o projeto natural, líder e mais viável com vistas ao pleito de outubro.

Mas não ficou só nisso. Os parlamentares resolveram também manifestar apoio a Bruno Souza, ex-deputado estadual, que não se elegeu federal por menos de 1 mil votos (Gilson Marques se reelegeu pelo Novo). Souza migrou para o PL e foi convidado para a reunião da bancada na terça-feira.

Nessa toada, o prefeito Topázio Silveira Neto acabou surpreendido com a visita dos deputados do PL e do próprio Bruno Souza, um crítico da administração municipal. Tudo na companhia do Sargento Lima, licenciado da Alesc porque assumiu a Secretaria de Segurança Pública a convite do governador.

Unção

Os deputados foram transmitir ao prefeito da Capital que o nome deles para compor de vice nas eleições deste ano é o de Bruno Souza.

Canelada

Atropelando solenemente o governador e presidente estadual do partido, Jorginho Mello, que, de maneira centralizadora, vem encaminhando as candidaturas. Especialmente nos grandes municípios. Ele decide e ponto.

Boicote

Em Balneário Camboriú, a bancada deixou claro que não subirá no palanque de um candidato apontado por Fabrício Oliveira. Isso numa vertente.

Xadrez

Na outra, a bancada se antecipou na Capital. O prefeito foi surpreendido e disse que precisaria conversar com Jorginho. O governador certamente ficou muito contrariado ante o movimento dos deputados, que não conversaram com ele nem com a direção do PL de Florianópolis.

De ombros

O que ocorre é que o governador não está dando muita bola para a bancada do PL na Alesc. Vem decidindo sozinho as candidaturas e composições do partido estado afora.

Alô, Jorginho

O movimento dos parlamentares foi um rechaço ao governador. Até porque aquele que é o chefe do Executivo estadual continua na presidência do partido, acumulando funções.

Olho no olho

Na próxima terça-feira, a bancada deverá se reunir novamente. Mas no palácio residencial. Oportunidade na qual as coisas serão colocadas de maneira transparente à mesa.

Estilo

Jorginho Mello tem perfil de ir esticando a corda, imaginando que ela não vai arrebentar. Pode não arrebentar, mas a paciência de correligionários vai se esgotando.

Histórico

Não custa lembrar que Luiz Henrique da Silveira, após embretado pelos deputados, entregou o comando do MDB a Eduardo Moreira, retirando Casildo Maldaner da proa partidária.
O mesmo ocorreu com Raimundo Colombo, que se elegeu governador e passou o comando do partido para outra pessoa.

Alternando

Jorginho Mello segue nas duas frentes: governo e partido. Reações começam a ficar perceptíveis. Abril, maio e junho serão desafiadores para o governador.
Até porque as convenções homologatórias vão ocorrer entre julho e agosto. A Alesc continua funcionando, desacelerada em função do calendário eleitoral.

Temperatura

Mesmo assim, há projetos importantes para o governo tramitando no Legislativo estadual. Se Jorginho não contar nem com os votos do seu PL, vai contar com o apoio de quem?

Quinteto

Dos 12 deputados do PL, cinco almejam candidaturas a prefeito esse ano. Bem verdade que Egídio Ferrari chegou oriundo do PTB, partido que se fundiu ao Patriota. Chama-se agora de Partido da Renovação Democrática (PRD). Caso Egídio se eleja prefeito de Blumenau, assumirá o primeiro suplente dessa fusão, do agora PRD.

Potenciais

Mas há as candidaturas viáveis do PL em Tubarão, Balneário Camboriú, Concórdia, além da projeção de Sargento Lima em Joinville. Neste cenário, os suplentes estão fechados, com os titulares vislumbrando assumirem os mandatos depois das eleições em caso de êxito dos colegas. Ou seja, o governador terá dias e meses indigestos pela frente.

Começa a cheirar mal

Por Cláudio Prisco Paraíso
12/04/2024 - 07h45.Atualizada em 12/04/2024 - 07h45

Considerando-se os 12 principais municípios catarinenses, a eleição ainda está sem uma definição clara, especialmente por parte do PL. Uma das razões do foco no PL é que esse é o partido do atual governador e porque é a sigla à qual o ex-presidente Jair Bolsonaro, considerado um influente eleitor em Santa Catarina desde 2018, está afiliado. Além disso, destaca-se o município de Balneário Camboriú por sua visibilidade única, talvez até superior à da capital do estado, Florianópolis.

Neste contexto, o prefeito Fabrício de Oliveira, que está completando seu segundo mandato, opôs-se à candidatura de seu ex-vice, Carlos Humberto, que serviu por seis anos e foi eleito deputado estadual em 2022. Alega-se que houve um compromisso de não concorrência em 2024, desde que surgisse um candidato com relevância eleitoral e capacidade administrativa para gerenciar um município como Balneário Camboriú.

Fabrício de Oliveira tem tentado inviabilizar a candidatura de Carlos Humberto, que é naturalmente favorita, sem apresentar um nome alternativo. Entre as tentativas, estiveram o ex-prefeito Rubens Spernau, o presidente da Câmara, David La Barrica, e agora Peter Lee Grando, que tem um histórico como jornalista e radialista e foi sócio de Fabrício em uma empresa de publicidade exterior. Esses movimentos não têm sido vistos como sérios

Pilatos

O governador, por sua vez, parece ter se conformado com essa situação, influenciado pela proximidade do pastor Michael Aboud, da Igreja Embaixada do Reino de Deus, com o casal Bolsonaro, além de pressões externas para que Fabrício definisse um candidato.

Cavalo paraguaio

No entanto, a falta de um candidato viável por parte de Fabrício leva a uma situação complicada, onde o governador pode acabar apoiando uma candidatura que não tem chance de sucesso

Fechou questão

A bancada estadual do PL, que inclui Carlos Humberto, se reuniu e decidiu apoiá-lo integralmente, não deixando espaço para outros candidatos. Isso coloca o governador em uma posição difícil, especialmente se Fabrício não conseguir apresentar uma candidatura viável, correndo o risco de fortalecer a oposição representada por Juliana Pavan, filha de Leonel Pavan, que teve uma trajetória notável dentro do PSDB.

Nominata

A bancada estadual do PL está fechada com seus pares pré-candidatos em municípios estratégicos. Além de Carlos Humberto em Balneário, estão nesta lista Egídio Ferrari (Blumenau), Edilson Massoco (Concórdia), Estêner Soratto (Tubarão) e Sargento Lima (Joinville)

Fazendo contas

Neste contexto pré-eleitoral, o governador precisa reavaliar a situação, considerando que a aposta em Fabrício pode resultar no fortalecimento de adversários políticos. A história política de Leonel Pavan e sua influência, que já resultou na eleição de prefeitos anteriormente, não deve ser subestimada.

Nuvens no céu

Assim, o cenário eleitoral e partidário em Balneário Camboriú permanece incerto, com o governador precisando reavaliar suas opções diante da decisão da bancada de apoiar Carlos Humberto.

 

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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